domingo, 7 de setembro de 2014

CONHEÇA UM POUCO MAIS SOBRE SERRA PELADA


O maior garimpo à céu aberto do mundo, Serra Pelada, aconteceu pela descoberta de pequenas pepitas de ouro quando um agricultor foi banhar-se em um córrego e como não havia maquinário na região, logo comunicou à seu patrão, dono das terras, e sem conhecimento dirigiu-se a cidade de Marabá onde se constatou que realmente o agricultor encontrou ouro no pequeno riacho. Isto foi o estopim para a grande corrida ao ouro.

Serra Pelada é uma história surpreendente que se iniciou quando o primeiro foco de ouro foi descoberto e logo após houve a intervenção do Governo Federal alegando que iria colocar "ordem" no local, haja visto o grande numero de pessoas que vieram em busca do ouro, um sonho vivo que havia em cada aventureiro, que na grande maioria não foi realizado, muitos do Brasil e tantos outros do exterior.
Aventureiros que abandonaram a família, seus bens, mas com muita fé, coragem, ambição e até arriscar a vida para enriquecer na corrida do ouro, sem saber que outros almejavam somente o poder.

Em meados da década de 70, no estado do Pará, houve uma invasão por colonos entre as cidades de Marabá, Conceição do Araguaia, Serra das Andorinhas onde se descobriu o ouro e a grande corrida deu-se inicio. Colonos e garimpeiros de todas as partes foram para lá em busca do ouro.
Nesta ocasião foi permitido pelos políticos esta extração, com objetivo de protejer o proprietário das terras.
No Morro da Babilônia foi descoberto as primeiras pepitas de ouro, o que despertou interesse pelo Governo Federal, Vale do Rio Doce e o Departamento Nacional de Produção Mineral, o desespero levou por muitas vezes a tentar tirar os garimpeiros que já chegavam à mais de 20 Mil homens, razão pela qual não tiveram êxito e vários conflitos ocorreram.

Todos os dias mais e mais pessoas chegavam à Serra Pelada, na década de 80, principalmente da região nordeste, pois as notícias sobre o ouro corriam rápido, homens que na maioria analfabetos, desempregados, mas também haviam padres, advogados e outros profissionais que largaram tudo para aventurar-se na Serra Pelada na esperança de voltarem para casa ricos, encontrar ouro éra o único sonho. Muitos migraram de outras partes do Brasil.
Diz-se que em aproximadamente três meses já havia 25 mil homens em Serra Pelada, o maior garimpo a céu aberto do mundo, em meio à floresta Amazônica, vegetação cerrada (o que deu origem ao nome Serra Pelada).

Cada trabalhador, nesta época, tinha espaço de 6 metros quadrados, ao qual cada um sabia seu lugar.
Não era permitido entrada de mulheres, de armas, bebidas e até mesmo jogos, loterias, etc., a única coisa que havia alí era o trabalho de minerar ouro.
Mas nas cidades de Marabá e Paraupebas, ao redor da Serra, havia de tudo, prostibulos (lugar preferido dos garimpeiros), comércio ambulante onde se encontrava tudo.
Aos arredores de Serra Pelada havia cerca de duzentas casas de prostituição. Nos finais de semana os garimpeiros gastavam muito dinheiro para seus prazeres e necessidades de sobrevivência.
Nestas casas de prostituição ocorriam muitas brigas, muitos garimpeiros bêbados também frequentavam o lugar ocasionando até mortes, mas as mulheres que trabalhavam nestas casas inclusive os cafetões enriqueciam da noite para o dia às custas dos garimpeiros.

Durante imensos conflitos e desavensas já se tinha cavado em plena Amazônia um buraco gigante, com profundidade comparado a dois estadios do Maracanã. Não havia saneamento básico nenhum, não tinha infraestrutura, muitas doenças, como a malária, DST e vários acidentes fatais.

Com diversos conflitos acontecendo o Governo enviou técnicos da Vale para persuadir os garimpeiros do perigo de vender o ouro de "forma ilegal". Em 15/05/80 foi criada oficialmente a zona de garimpagem em Serra Pelada. O governo montou infraestrutura para garantir as necessidades dos garimpeiros. O ouro minerado pelos trabalhadores era comercializado através da Caixa Econômica Federal e repassado para o Banco Central do Brasil onde era processado o refino e depósito.

Durante o período de 1981 à 1983 inumeras tentativas de retirar os garimpeiros por parte dos geólogos da Vale do Rio Doce e do Departamento de Produção Mineral sob alegação de que o garimpo poderia desmoronar, mas de nada resolveu, pois a pressão dos garimpeiros foi maior do que os interesses da Vale em extrair o ouro de forma mecanizada. Nota-se que naquele período havia grande massa de eleitores na região e os interesses já não ficavam apenas no social.

A pressão para que os garimpeiros saissem do garimpo de Serra Pelada, era intenso, mas os trabalhadores prometiam resistir a qualquer custo para ficarem no garimpo. Foi então que surgiu o deputado Sebastião Curió, que apresentou projeto que permitia dar continuação a garimpagem em Serra Pelada. O tenente Sebastião Rodrigues de Moura, conhecido como Curió, diz-se ser homem de confiança do então presidente João Batista Figueiredo.

Cerca de 72 mil homens entraram na Serra Pelada sem concentimento da Polícia Federal nesta época, muitos eram pegos e devolvidos para sua cidade, mas eles incansavelmente retornavam até conseguir a "carteirinha" de autorização emitida pela Receita Federal, sob vigilância do Sr. Curió, que era aplaudido pelos garimpeiros por conseguir a citada carteirinha.

Os garimpeiros tinham que obedecer as ordens do Sr. Curió, caso contrário seriam expulsos do garimpo, que até montou um palanque onde dava as ordens no final das tardes, inclusive era obrigatório cantar o hino nacional no asteamento e arreamento da bandeira nacional, ali o regime éra outro.

Nesta época não mais se houvia tiros durante a noite. Com a intervenção do Sr. Curió tudo parecia "mais calmo", éra de interesse do governo colocar um representante ali, pois a região oferecia grande potencial em ouro e também impediria o contrabando.
Curió fez dos garimpeiros de Serra Pelada seu "exercito", todos lhe obedeciam com rigor temendo punições e até mesmo a expulsão do garimpo, o que ninguem queria no momento, pois a esperança de mudar de vida estava ali, no ouro.
Os movimentos dos garimpeiros eram controlados por policiais federais e militares.

Havia também os "proprietários" de cada parte do garimpo, que comandavam os trabalhadores daquela determinada área.
Já não precisava sair do garimpo para vender o ouro, pois na própria Serra Pelada havia o local para se vender o ouro.

Nesta data o presidente veta este projeto e deixa sob a responsabilidade do Congresso Nacional.
Já então o Departamento de Produção Mineral havia aprovado um relatório a favor da Vale do Rio Doce na exploração do ouro em Serra Pelada.
Diante tantas confusões, desacordos, perguntas sem respostas, e sob pressão o presidente da República envia ao Congresso Nacional um decreto que autoriza a União pagar a Vale do Rio Doce R$ 7 Milhões para manter os garimpeiros na Serra, haja visto que a Vale alegava ser de sua propriedade a área de mineração de ouro.

O geólogo Francisco A. B. de França envia em 03/1984 um documento ao Ministro de Minas e Energia, então Dr. César Carls alegando que a área do garimpo em Serra Pelada estava fora do limite territorial da Vale do Rio Doce.
Imediatamente a Comissão de Mineração de Minas e Energia da Câmara dos Deputados fez uma "emenda" alterando o decreto inicial, ampliando a àrea, incluindo nesta a àrea destinada à exploração de ferro.

Mais dois anos se passam com muitas incoerências entre Caixa Econômica Federal, políticos e quase intervenção do FMI, a fim de verificar a venda de sobras de ouro, paládio, prata e outros metais preciosos que foram vendidos pelos garimpeiros logo no começo do garimpo.

A Vale do Rio Doce, em 1996, quis mudar o garimpo para um nova localidade, dando o direito de posse e benfeitorias para quem fosse à um novo garimpo denominado Projeto Serra Leste, de onde se iria extrair o ouro. Mas os garimpeiros rejeitaram a oferta e até interditaram inúmeras vezes o acesso à este local, impedindo os trabalhos de sondagens pela Vale do Rio Doce.

Durante dois anos a Vale do Rio Doce, o Departamento Nacional de Produção Mineral, tentaram várias vezes tirar os garimpeiros da região sob alegação de que não havia mais condição de se extrair ouro manualmente, somente com máquinas apropriadas. Houve muitas mortes com acidentes de desmoronamentos.
Diz-se que "alguem" quebrava as bombas d'água prejudicando a exploração do ouro o que ocasionava mais acidentes.
Quando não tinha mais condições de explorar a cava principal, com 10 mil metros quadrados de profundidade, em 1983 o governo desembolsou 2,4 milhões para fazer uma obra que impediria muitos acidentes. Estava chegando ao fim o tempo do "General" Curió, pois sabia que a Vale iria se apossar da extração total do ouro.
Lançou-se como candidato a Deputado Federal no Pará, mas um novo coordenador está em seu lugar, o Cel. Santos. Eleito Deputado seu primeiro ato foi, juntamente com os garimpeiros, tentar impedir o Governo de fechar o garimpo e entrega-la para a Vale do Rio Doce que então iria colocar seu maquinário. Queria condições adequadas para o garimpo manual. Foi então que apresentou seu projeto que adiava o fechamento do garimpo. Vetado pelo Presidente, mas sob pressão para o problema para o Congresso que aprova por mais 5 anos a extração do ouro por parte dos garimpeiros em Serra Pelada.
Curió, orientado pelo Ministério de Minas e Energia, conseguiram criar um orgão em defesa dos direitos dos garimpeiros.

Criou-se a Delegacia Regional do Sindicato Nacional dos Garimpeiros, para defesa dos direitos dos garimpeiros, em Marabá. Também havia o Sindicato Nacional dos Garimpeiros no RJ.
Estes sindicatos atuavam em denunciar o Governo Federal que dava poderes a Vale do Rio Doce.
Em Dezembro de 1983 fundou-se a Cooperativa dos Garimpeiros de Serra Pelada, a COOGAR, lançada pelo Sr. Curió para que os garimpeiros se tornassem independentes. Na ocasião o governo concordou em colaborar e em 1985 libera verbas para obras necessárias em Serra Pelada, para o rebaixamento da cava principal, mas em 1986 vários acidentes ocorreram e o governo acusou a Cooperativa dos garimpeiros pelos acidentes. Na ocasião a Polícia Civil interditou a área que já se tornara impossível para o trabalho de garimpo. Revoltados, os garimpeiros incendiaram alojamentos da Polícia, inclusive o prédio de sua Cooperativa, pois havia suspeitas de corrupção e desvio de dinheiro.

Como podem notar até então, através de dados colhidos pela internet, livros, recortes, etc., juntam este "quebra-cabeça" que precisa ser revisto, finalizado, averiguar se foram fatos reais bem como ordenar os textos expostos aqui, que por falta de tempo, não fiz um resumo adequado.

Serra Pelada foi marcada por diversos interesses, seja de multinacionais e políticos, pois alí se encontrava diversos minérios, e o mais importante: O ouro.
Uma pequena minoria enriqueceu em Serra Pelada, "intermediários", empresários, etc., mas milhares de homens se empenharam nesta jornada, impulsionados por "notícias" que se achava muito ouro aqui e acolá e muitos garimpeiros ficaram ricos, pois encontraram grandes pepitas de ouro facilmente.

Em 18/09/1983 um garimpeiro, Júlio de Deus Filho, encontrou a maior pepita de ouro do Brasil, pesando cerca de 62 Quilos, terceira maior do mundo.

O Brasil tornou-se famoso na extração do ouro manualmente, sem auxílio de máquinas, graças à Serra Pelada, que em 1983 já produzia cerca de uma tonelada de ouro mensalmente.
Mas o principal fato é que na verdade Serra Pelada foi marcada por decepções, acidentes, tragédias e apenas uma minoria enriqueceu. Só restou um gigantesco buraco contaminado por mercúrio, embora que relatos acusam que a Serra ainda possui grande quantidade de ouro.

Após 20 anos de debates Serra Pelada volta aos noticiários, agora a mesma Cooperativa dos garimpeiros em conjunto com a Colossus Minerals (canadense), promete voltar em cena, mas agora com máquinas modernas, empregados registrados na forma da lei.
Novas esperanças... Ou será novas intrigas? 

fonte: Como investir em ouro

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