sábado, 12 de julho de 2008

TROVA

Palpita moça bonita
Ao lado da mulher feia
Que adianta tanta grita
Se PITTA não fica na cadeia




Berra lá fora a platéia:

Enfins o PITTA virou carniça
Mas pra pirraçar a NICÉA
Foi solto pela mão abençoada da justiça!



Hélio Schiavo



Para consolo do Rei

Dois de novembro!vou rever a última morada
Daquela que um dia assim, tão triste me deixou
Recitando baixinho uns versos como uma balada
Prá consolar, talvez, tanta saudade que aqui ficou!...

Caminho só, no entremeio de gente tão agitada
Que vem cultuar pesarosa o ente que findou
Sabendo que teu caminho também é minha estrada
Que a inexorável força do destino, tanto nos marcou...

Sei que JESUS amigo lhe deu boa pousada,
Para abrigar sua alma, ímpar, generosa e bonita,
Relicário que foi do meu puro, sincero e infinito amor!...

Receba pois nessa corbelhe que ai deixo depositada
A certeza do sentimento maior que nos uniu Maria Rita
Prá me fazer suportar hoje com altivez o peso dessa dor!..

Rio de Janeiro, 02 de novembro de 2000

Hélio Schiavo

terça-feira, 8 de julho de 2008

Tire a cangalha do povo


Me responda
alguém do lado de cima
O pêso bruto da rima
Se puder me contestar
Que adianta o real valorizado
Se estou desempregado
Sem saber onde ir buscar
Enquanto isso
A colundria se ajeita
Talvez prá pagar desfeita
A quem só votou no "home"
É exercício da pura cidadania
Recebendo a franquia
De excluído com fome...
Perdão pela fraquesa que encaixo
Quem tá do lado de baixo
Não é quem faz a baderna
Bezerra disse que isso vai ficar direito
Se aparecer o sujeito
Que faça o saci dobrar a perna



Hélio Schiavo



segunda-feira, 7 de julho de 2008

Mensagem

Eu pensei ser mais irmão de meu irmão
Nos laços fraternais desta verdade
E encontrei o sangue pelo chão
Na violência que domina com maldade
Tudo passa ligeiro,tudo passa
Lembra que CRISTOainda vai voltar
Vamos aguardá-LO com a verdade e sem fumaça
E, nunca com artefato nuclear...
Chega de covardia e de metralha
Chega de luta fraticida sem razão
Deixe ao menos a paz ganhar essa batalha
Fazendo calar de vez o tal canhão
Eu te peço no AMOR acredite
Cante glórias e hinos de louvor
Que o homem se purifique com a verdade
Abrindo as portas do céu fazendo caridade
Lembrando das lágrimas choradas no TABOR...


Hélio Schiavo

Desempregado também tem o seu dia...

Colocaram uma boacumba em minha porta
E acredite que fui presenteado
Tinha doce e muita galinha morta
E um bode no vinho bem assado...
Puxei o despacho prá dentro
Se não for desse jeito não presta
Tinha pinga boa a melhor lá do centro
A meninada nesse dia teve festa
Era uma emergente lá da Barra
Que soube que eu sou um garanhão
Me querendo conquistar na marra
Por isso deixou o bufet no meu portão
Quando sêu bacaninha viajar
Vou baixar no pedaço com respeito
Naquela suíte muita coisa vai rolar
O resto depois eu te conto direito...



Hélio Schiavo

Tempos idos


Que diferença do tempo de antigamente
Havia serenata para a gente

Tinha retreta no côreto do jardim

Agora vejo tudo tão mudado
Nem a sombra do passado

Vejo mais perto de mim
No jardim hoje tem só trombadinhas
Gente sem pudor e linha

E o arvoredo morre de poluição

No bonde eu dava beiço e ia de graça
Sem essa de monóxido e fumaça

Sem esbarrar em S. Excia. o ladrão

O tempo foi correndo tão ligeiro

Fiquei só nessa certeza que me invade

Como tudo na vida é passageiro

Menos o condutor e o motorneiro
Que seguiram no Bonde da Saudade


Hélio Schiavo

O Ciúme


O ciúme tem causado
tanto tanto dissabor
Que só o ingênuo acredita
Ser ele prova de amor
É magoa, é desconfiança
De quem também quer errar
Quando chega sem tardança
Faz o casal separar
Nem sempre é justificado
Que o causador do pecado
Teve realmente razão
Mas o ciúme danado
Acaba sendo o culpado
Jogando tudo no chão!


Hélio Schiavo

Desenho realizado por Paulo Rogério Gomes Pedroso.

À Chico Mendes

A laparonga da Justiça está apagada
Nessa mata tão manchada
Pelo sangue do inocente
O poderoso contra o fraco abre guerra
Não cede um palmo de terra
Neste país continente
A luz não apaga na verdade que irradia
A quem se deve tal sangria
Contra o verde, o homem e a vida
O mundo ouviu em cada canto
O eco de dor no pranto
Trazido por uma bala perdida
Até quando Senhor tanta maldade?
Cadê a fraternidade
Que Cristo nos ensinou?
Continua a derrubada inconsequente
A ganância por aí comendo gente
Naquele dia que o Uirapuru não cantou
Chico Mendes
Seu exemplo ficou aqui
Neste caminho estirado
De mártir sacrificado
Nas matas do Xapurí

Hélio Schiavo


Faz 20 anos que o líder seringueiro Chico Mendes foi assassinado em Xapurí no Acre. Este poema foi escrito na ocasião em que o poeta sensibilizado pela triste ocorrência, registrou em versos sua homenagem.





sábado, 5 de julho de 2008

À Gentil Afrodite

Escrevendo para você um poema
Estou brincando de ser feliz;
Procuro adoçar meus versos
Na solidão das taperas,
Com as flores das primaveras,
Com as luzes dos pirilampos
Que brilham mais que os relâmpagos
Que faz o albor da minha terra vasta,
E o perfume da jurema
Como estrela em luz,
Como fizera Madalena,
Beijando aos pés de Jesus...
Com sua beleza suprema
Que a mão do tempo não gasta.
Você fez do relâmpago a faca da poesia,
Cortando a mão do poeta,
Que vai aos poucos me ferindo
O imo do meu coração como menino traquinas
Seus olhos são pintados
Com os pincéis dos arcanjos pintores,
E são verdoengos e verdejantes
Como as cochilhas do Rio Grande do Sul.
Seu andar, dá a impressão das caminheiras
De quem vai para o céu.
Quando você olha para cima
É como se estivese olhando o telhado do infinito.
Sua fala é a linguagem das Santas,
porque é gerada das nuvens lilases.
Eu sonho na fantasia,
E sofro na realidade
Mas este é o meu fadário...
Só a vejo no pipilar dos pássaros
Nos vales verdejantes
Donde a sombra da noite dorme;
Seu corpo tem forma de harpa,
E semblante de criança.
Até quando passa, o vento na alameda
Canta como um bandolim cigano.
Seu porte tem a imponência da Garça
À beira de um córrego límpido e transparente.
Você é a Flor de Liz,
Mas não sabe que cheira,
Você é o céu, mas
Não sabe que chove,
É o sol, mas não sabe que é ardente.
Mas, amiga: a vida é uma quimera fugaz,
Tudo passa correndo...
Sua imagem é de Santa,
Embora infelizmente seja pecadora...
É infinitamente loiçã airosa,
Como uma boneca de louça chinesa.
Esbanja beleza e simpatia;
Com os anos, a vida brota a toda ligeireza.
Tudo passa quando você passa
Pela manhã naquela alameda,
Passa de branco como as névoas da montanha...
Você sem querer me ilumina,
Porque você é uma página de poesia de Castro Alves.
Você não anda, dança, não fala, canta!
É como um vôo da "atalanta" das verdejantes matas,
Porém, vivo no silêncio de um Pastor,
Como vivera Apolo com seu rebanho de ovelhas,
Nos floridos vales do oriente.
Sua fala mimosa é a linguagem dos céus.
Galopo no lombo da caneta para fazer estes desarrumados versos
Que dói em mim
Minha caneta tornar-se-á
Um pincel de desenhar versos e prosas.
Sua beleza é estonteante.
Seus olhos têm o brilho de dois astros
Quando brilham no zênite.
Quando você passa pelos adros das Igrejas.
Ouço o bimbalhar dos sinos em seu louvor.
Seu nome é um canto de poesia.
Estou certo, de que as minhas lágrimas
Lavam as minhas dores.
Você é um presente que "Aláh" ofertou-me como graça.
Sou um humilde escritor e poeta,
Mas, vivo ali sentado naquele banquinho
Como se fosse um parnaso dos Deuses
Esperando Afrodite passar,
Como se estivesse no batente do tempo.
Você não tem culpa de fazer brilhar os caminhos onde passas
Você sem saber empretou-me sua beleza e sua ternura
Para os meus versos
E eu a mim inspirar em seu porte elegante.
Com isso não estou com segundas intenções,
Apenas sou um pobre poeta
Que trota atrás de uma musa dos deuses da Grécia antiga.
Seu sorriso brilha através dos seus recortados lábios,
Como o reverberar da estrela Aldebarã.
Disse Sócrates: a perfeição de Deus é uma mulher bonita.
E qualquer poeta ao vê-la fica em estado de transe,
Louco para descrevê-la, ou melhor, copiá-la.
Você quando passa,
É como uma caminheira das nuvens
Que o vento sopra nos céus.
Tenho sofrido demais!...
Tenho a alma ferida,
Quero gozar mais não posso
Este restinho de vida,
Desde que pulei do berço
Minhas lágrimas formam um terço
Só dei passada perdida.

Branca flor de Jasmim,
São rubis preciosos
Dentes alvos e primorosos
Como pedaços de marfim.
Fez-me um amor tão profundo...
Que não cabe dentro de mim.
Você é das ilhas afortunadas,
Que só nos traz beleza,
Com a sua delicadeza
Nos traz muita paz.
Seus olhos são pequenos
Como conchas retalhadas
São duas gotas de veneno
Seus sentimentos são profundos
De lábios bem talhados.

Conheço-lhe há meses!...
E seus encantos sem fim,
Hoje, sou tão você,
Que às vezes,
Sinto saudade de mim.

Adeus lírios dos montes
Adeus versos que são meus,
Adeus crepúsculos dos horizontes,
Não chora águas das fontes,
Seus prantos, são lágrimas de Deus.

A primavera está chegando
Com as flores e rosas multicores
Em festas matizadas
São presentes de todos os amores.

Debruçado ao lado do deserto
Chora o Jordão aos pés de Jesus
E eu com uma candeia
Procurando-lhe naquela alameda
Todo entardecer.

Porque Afrodite:
Sou forjado no calor do puro verso,
E na inspiração de sua beleza plural,
Não faças! Mau juízo meu,
Sou apenas um poeta
Apaixonado pelas belezas de Deus.

Você é uma estátua
Que os anjos pintaram
Mas que acabou se transformando
Em carne loura, como as espigas, os raios do Sol,
E as moedas antigas,
Perdoa-me copiá-la,
Ou tentar desenhá-la, neste poemeto.
Li seu nome nas partituras do céu
Que Deus compôs em notas musicais
Dentro de mim como Deus iluminou
A poetisa "Safo".
Ao pensar em você,
Recordo-me do lirismo do poeta
Petrarca, que até hoje
Os lábios do tempo murmuram
Banhando de lágrimas
Minha face.
E porque esqueceria Mallarmé,
Que também lapidou como ourives
Os versos juntamente com Valery,
Ambos lapidaram nos contos do Belo Narciso
Que fizeram com sapiência
O rio parar.

Nem os romances de Cervantes,
Nem a paciência de Jó,
Riqueza de todos os Reis!...
Nobreza de Faraó,
Reunindo tudo isso,
Não daria uma Afrodite só!

Em 27 de Junho de 2006

Fuad Maron

quarta-feira, 2 de julho de 2008

TROVA

"É triste desolador
Para quem não tem reflexo
Toda pureza do amor
Se perde no tal de sexo!.



HÉLIO SCHIAVO



SONHOS




Um dia sonhei que era um tzar
Que tinha domínios, podia mandar
Então de repente,câdê inflação
Violência,miséria, siquer um ladrão
O mundo melhor para todos deixei
Na paz de um sonho que um dia sonhei...
Acordo prá vida na realidade
De que nenhum jeito ninguém pode dar
Então peço à DEUS,mê dê a VERDADE
Me faça de fato um novo tzar...
criança faminta não deixa morrer
Escolas prá todos,pr'u mundo crescer
Ninguém dá um tapa no rosto do irmão
Fartura,alegria tudo tão abrangente
Que resolvi fazer máquinas para o campo somente
Com as armas da guerra do extinto canhão!.


HÉLIO SCHIAVO

Trova


"Muitas vêzes é o céu que nos ensina
Que nós somos responsáveis sim senhor
Pelo pão que a criança pede na esquina
Chorado sem violência e desamor!"



Ao Cristo Sertanejo de Mário Cravo


O homem construiu reproduzindo a imagem no cimento
Lá no alto da cidade mostrando que é caprichoso o artista
Tentando espelhar no tempo algo parecido com o sofrimento
De quem um dia por nós padeceu de forma altruísta...

Quem passa por ali na Serra, às vezes repensa n'um momento
Tudo que Cristo sofreu e, nos séculos vai a perder de vista
E nem assim a ele
Provamos algum reconhecimento
Ignorando a Lei com nosso desamor de forma egoísta...

Será que estamos preparados para recebê-lo em sua volta,
Com tudo que aí está de violência tóxico crimes e revolta
Pergunte isso pra você mesmo agora meu querido irmão!

Será que vem uma cobrança justa de nós, por tudo isso,
Bancando o Judas covarde frio e vendilhão de Cristo,
Negando caridade ao excluído que precisa de remédio e pão.
Hélio Schiavo


O suave milagre que Sêo Eça nos contou


Junto à si quem n'um casebre
Morava uma pobre viúva
Tinha o filho doente, com febre
Quase debaixo de chuva
Ali, não havia alimento nem luz
O pequeno delirava pedindo prá ver Jesus!
-"Como queres que eu te deixe
e vá pelo mundo procurá-lo
Sé Obed é rico tem servos
E não logrou encontrá-lo!"
E na força do delírio enrolado nos trapinhos:
- "eu quero ver o Rabi, supremo rei dos caminhos
Que ama as crianças e cura as criaturas
Do jeito que está escrito nas Sagradas Escrituras!"
A fé remove montanhas
Eis a verdade que o céu nos mandou
Com a paz que tanto reconforta...
Tudo tudo então ali mudou
Por que abrindo devagar a porta
Jesus disse sorrindo à criança:
-"meu filho predileto, aqui estou!"

Hélio Schiavo

OBS:A escultura a cima,é criação do
amigo e artista plástico Kin Teixeira
teixeira.entalhe.kin@gmail.com